
Por Breno Buswell Braga
Apesar do bom resultado de "Harry Potter e a Ordem da Fênix", o roteiro ficou aquém do esperado. Para concertar tal fato, eles chamaram de volta o competente Steve Kloves - que havia escrito o roteiro dos quatro primeiros - para adaptar a sexta obra da saga literária de J.K. Rowling para as telas do cinema. Como resultado, o filme - novamente dirigido por David Yates - é desencontrado, apressado, sem final... mas, ainda assim, um excelente filme. Acontece que o calhamaço impresso (Rowling aumentou os volumes a cada capítulo) seria inadaptável de maneira fiel em apenas um filme - mas é isso que a produção tenta. Sofrem então a concisão e a riqueza narrativa.

Diferente dos outros livros da saga, o "Enigma do Príncipe" possuí uma narrativa bastante diferente do usual. Como se trata do penúltimo volume da série, Rowling preferiu, ao invés de criar uma história concisa, transformar esse livro numa base para o entendimento de "Relíquias da Morte", o episódio final da saga. Sendo assim, o livro possuí muita pouca ação, e a história se desenrola, principalmente, através das memórias dos personagens. Não que isso seja ruim, na verdade o livro possuí um ótimo clima e uma narração hipnotiza o leitor e não o deixa largar até a última página. Mas como se trata de um filme, o ritmo do livro não funcionaria na tela, o que fez com que Kloves e Yates fizessem vário cortes na história, e até inventassem novas cenas, para dar mais ritmo e ação ao filme. Mas, apesar disso, o roteiro tem um ótimo desenvolvimento - provando mais uma vez o quão competente é Kloves - e fez exatamente aquilo que se propõe: preparar o espectador para o derradeiro final da saga.

Tranquilo em sua decisão, Yates dedica-se assim a desenvolver os relacionamentos entre os personagens. Examina os laços de amizade (e mais alguns) entre Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) e também a relação do Menino-Bruxo e seu mentor, Dumbledore (Michael Gambon). Excelente diretor de atores, o cineasta trata dessas ligações com dedicação especial. A adolescência dos protagonistas, que havia começado a ser explorada em A Ordem da Fênix, agora é fundamental à trama, que é recheada dos conflitos e questionamentos dessa fase. Até a sabe-tudo Hermione fica sem ação diante de situações às quais não encontra respostas nos livros . Auxiliado pelo ótimo diretor de fotografia Bruno Delbonnel (Amelie Poulain, Across the Universe), em seu primeiro trabalho na série, Yates é igualmente bem-sucedido na ambientação. É sutil, mas incisiva a maneira como ele prova que o perigo é crescente na outrora supersegura Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os corredores ensolarados dos filmes anteriores são substituídos por uma frieza que exalta os elementos góticos da arquitetura do castelo e o corre-corre escolar é muito menos empolgado, cedendo espaço à reflexão. A magia também está tão bem integrada que deixou de ser elemento de alegre fascínio para tornar-se madura, muito mais uma ferramenta que elemento pirotécnico. Dessa forma, não fossem os alívios cômicos de Rony e sua obcecada nova namorada, o filme seria até triste.

Apesar de não ter um desfecho convencional, o longa possui um climax importante - um evento bastante dramático e conhecido dos livros. E esse talvez seja o ponto mais forte do filme. Preocupado em não exagerar em momento algum, Yates optou pela sutileza também nessa cena. Poderia ter ousado mais. Um pouco de melodrama teria funcionado muito bem ali. Mas isso não significa que a cena seja ruim, muito pelo contrário, é uma das mais fortes de toda a série, e serve como prova do enorme talento de Michael Gambon (Alvo Dumbledore) e Alan Rickman (Severo Snape).

Emfim, assim como todos o filmes da saga do bruxinho, "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" possuí erros e acertos, mas graças ao indiscutível talento, tanto o de David Yates, quanto o de Steve Kloves, os erros passam quase que desapercebidos nesse magnífico filme, que se divide entre os gêneros de fantasia e drama. Uma obra inesquecível, recheada de suspense e um clima opressivo e sombrio, que é, assim como frisado anteriormente, justamente perfeito naquilo que se propõe: servir de prelúdio para os dois últimos filmes da saga.

É um dos filmes que eu menos gosto ... Mas a crítica está muito boa! XD
ResponderExcluirNão gostei muito do filme, acho q ele merecia uma nota menor do que 4,5! Mas a crítica está ótima!
ResponderExcluirCaros Renan e Giovanna,
ResponderExcluirEu entendo perfeitamente o por que das suas opiniões. Acontece que enquanto que vocês, espectadores, analisam o filme com um olhar de uma obra de entretenimento, eu, crítico, analiso o filme como uma obra cinematográfica per sí (lembrando sempre que o cinema é considerado a sétima arte). Devo admitir que, como simples entretenimento, o filme pode falhar perante ao espectador, mas como uma obra cinematográfica, o filme é excelente, perfeito em quase todos os seus minuciosos detalhes.
Fora isso, obrigado pelos elogios, e sempre que descordarem de uma crítica minha ou acharem que eu errei em alguma coisa, podem deixar comentários, pois eu estou sempre aberto a novos pontos de vistas e até mesmo críticas sobre o meu trabalho, desde que sejam feitas de modo construtivo.
P.S.: Gostaria também convidar, quem quiser é óbvio, para postar sua própria nota do filme em questão nos comentários de cada post. Mas sem discutir nem arranjar brigas, hein ;)
nome wesvelley esi foi omelhofime qui eu asiti entodamiavida quiria comense todos voseis a jaiamisquesemdodanota nota 1000000000000000 ammovoseis obrigado
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