Autores : Giovanna (Admin) , Breno, Vinicius, i$@¢ e Marie L'amour

sábado, 3 de setembro de 2011

[CRÍTICA] Pânico 4

Por Breno Buswell
Com o fim dos anos 80, os filmes de serial killers entraram em franca decadência. Após várias sequencias risíveis de 'Sexta-Feira 13’, 'A Hora do pesadelo' e 'Halloween', os filmes de terror tiveram uma queda de qualidade, e o gênero foi limado das telas do cinema.
Em meados dos anos 90, eis que surge um novo terror, citado pela Variety antes de sua estreia como ‘D.O.A’ (Dead on Arrival, gíria para ‘futuro fracasso nas bilheterias’). Era 'Pânico' (Scream, 1996), dirigido pelo mestre do terror Wes Craven ('A Hora do Pesadelo') em parceria com o roteirista Kevin Williamson, até então desconhecido.
Pânico’ não obteve grande sucesso em sua estreia, mas o boca a boca positivo fez o filme crescer nas semanas seguintes, e arrecadar US$ 103 milhões nos EUA. Era um fenômeno de bilheterias, e o começo de uma nova era para o terror, que rendeu vários frutos e um novo subgênero. Vieram duas sequências do original, e derivados como 'Eu sei o que vocês fizeram no verão passado 1 e 2', 'Prova Final', 'Lenda Urbana', entre outros.

Quando o primeiro filme da franquia Pânico foi lançado em 1996, o que mais chamou a atenção do público foi a maneira como o longa conseguiu juntar ao mesmo tempo os sustos comuns nos filmes slash e uma paródia-crítica aos filmes do gênero, ressaltando seus clichês e fórmulas, culminando assim em um interessante e divertido exercício de metalinguagem. Além disso, o original possuía uma linha de raciocínio lógica e uma trama que foi mantida como base para a existência das duas continuações, resultando em uma trilogia que se fechava em si mesma. Dessa forma, muitos fãs se perguntavam como a série continuaria mantendo sua lógica depois de um ciclo fechado com a criação do que promete ser uma nova trilogia. O resultado, porém, eleva ainda mais o nível da história de Sidney, Gale e Dewey, os sobreviventes dos primeiros três filmes.

Em 'Pânico 4', Sidney Prescott (Neve Campbell) agora é autora de um livro de auto-ajuda, e retorna para Woodsboro na última parada de sua turnê para promover o lançamento. Lá, ela reconecta-se com o sherife Dewey (David Arquette) e Gale (Courteney Cox) - agora casados - assim como sua prima Jill (Emma Roberts) e sua tia Kate (Mary McDonnell). A volta do Anjo da Morte - apelido que os jovens dão para Sidney, por ela estar sempre presente nos assassinatos - também traz Ghostface, colocando toda a cidade de Woodsboro, em perigo.O acerto de ‘Pânico 4’ é trazer seu elenco original. Ao contrário de outras franquias de terror, como ‘Sexta-Feira 13’ e ‘Jogos Mortais’, o vilão não é o protagonista. Neve Campbell volta a desempenhar de maneira louvável o papel da protagonista Sidney, que usou os 10 anos em que esteve livre do maníaco mascarado para se reinventar e deixar de ser vítima (sem sucesso, claro). A atriz parece tão familiarizada com a personagem, que entrega a sua melhor atuação na franquia.
Courteney Cox volta a viver a repórter Gale Wheathers, em uma boa atuação. David Arquette também retorna, como o desengonçado Dewey. É muito prazeroso revisitar estes personagens e atores após 10 anos.
Dentre os novos sangues na franquia, destacam-se Emma Roberts e Hayden Paniettiere. Roberts parece um pouco perdida no início do filme, mas logo embala no ritmo e nos brinda com uma atuação incrível no final. Já Paniettiere é a grande estrela: rouba todas as cenas, além de entregar algumas das melhores falas.
É irônico que toda a campanha de divulgação do filme fale em "nova década e novas regras", porque, no fundo,Pânico não muda em nada. Ghostface continua tendo uma mira péssima - a "facada no ombro", como tudo, é repetida até virar piada autoreferente - e Dewey (David Arquette), que tem uma mira pior, nunca se dá ao trabalho de perseguir o maníaco, embora não esteja mancando mais. Aliás, Arquette visivelmente sofreu com a instabilidade do roteiro. Ele passa meio filme sem saber para onde vai sua viatura.
As tais novas regras só se aplicam ao motif do assassino. Os primeiros filmes faziam graça, diziam que nem todo maníaco precisa de motivos, mas o fato é que a franquia sempre os dá. Talvez o motif de Pânico 4 seja o mais consistente da série - está em sintonia com a "nova década", em que "o sadismo é a nova sanidade", e não parece solto no ar, como o motivo de Micky em Pânico 2.
Sadismo, de qualquer forma, sempre foi elemento essencial na franquia. Craven reinventou o medo em A Hora do Pesadelo, mas a série Pânico lida muito mais com a expectativa do susto - com toda a comicidade que isso implica, neste caso - do que com o medo. Repare, por exemplo, que raramente a câmera nos coloca no ponto de vista subjetivo de Ghostface. É uma das regras do gênero pós-Halloween (aquelas câmeras em primeira pessoa, tremidas atrás do arbusto), mas Craven prefere a câmera objetiva. É o sádico que não se envolve.

Dez anos após o mediano terceiro filme, a franquia mostra que tem sobrevida. ‘Pânico 4’ é o segundo melhor filme (perdendo apenas para o original), e prova que o diretor Wes Craven ainda pode ser chamado de mestre do terror.
Trazendo uma conclusão (por conclusão leia-se “identidade do Ghostface + motivo”) que perde apenas para o original – as motivações do Ghostface do longa de 96 eram um pouco mais surpreendentes, bem boladas e menos moralistas –, Pânico 4 veio para resgatar a ideia de que o que filmes de terror precisam é apenas de um roteiro e história bem estruturados e atuações que ultrapassem os berros. Porém, é como Sidney diz lá pelas tantas do filme: “O remake nunca supera o original”.
Com bastante humor negro, cenas de morte muito bem elaboradas (com muito, muito sangue) e um final digno de aplausos, ‘Pânico 4’ consegue se reinventar e ainda manter aquilo que a trilogia inicial tinha de melhor.

3 comentários:

  1. Panico 4?!? O que devo dizer??? Excelente!!!! Valeu a pena esperar!!! Wes Craven mais uma vez nos presenteia com um òtimo filme, cheio de referências e sarcasmo. Um final ÉPICO!!! Recomendo ver com toda galera que curte um bom suspense. COOL!!!!

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  2. Cara! realmente muito bom esse filme. Fui com boas expectativas e sai com uma otima impressao de Panico 4.
    O melhor desde o primeiro filme.

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  3. Bem pequena essa crítica ne? kkkk Muito bem escrita!! Adorei... Me deixou ate com vontade de ver o filme apesar de eu não curtir mt filmes desse gênero... XD

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