
Voltando para Londres após procurar sem sucesso um lugar para morar em Manchester, J.K. Rowling criou em sua mente (no momento só na mente, já que não tinha papel nem caneta) um personagem que mudaria o curso da literatura juvenil. O trem em que ela viajava quebrara e Joanne utilizou-se desse momento para criar o que viria a ser um sucesso mundial.
Assim nasceu Harry Potter, um dos maiores fenômenos literários de todos os tempos. Tendo seu primeiro volume publicado em 1997, a série do bruxinho consegui conquistar milhões de leitores, tanto crianças quanto adultos. Não demorou muito para que o cinema quisesse tirar proveito desse sucesso, sendo que, em 2001, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" estreou nas telas do mundo todo. O filme foi incrivelmente bem recebido (é a 11º maior bilheteria da história), dando espaço para que a série continuasse nos cinemas. Agora, em 2011, vinte e um anos após sua criação (e quatro após a publicação do último livro), "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" chega com a tarefa de encerrar a série cinematográfica. Mas será que esses dez anos de espera valeram a pena? Será que o filme chega aos pés da obra que originou? Será que o filme encerra com dignidade a série?
Eu, então, fico orgulhoso de poder responder que sim! "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" é o filme que todo fã sonhou.

Como algo tão que começou tão inocente tornou-se tão devastador? Preparando-me para o final de sua cinematográfica saga (sim, o termo aqui se aplica), revi todos os passos de Harry Potter nas telas. O vi aprender sobre o mundo dos bruxos, despertar para sua verdadeira natureza e, enfim, compreender que aquele mundo não era só feito de aventuras e desafios mágicos a serem vencidos, mas de escolhas difíceis a serem tomadas.
O mal existe e, com ele, a guerra não tardou, trazendo pesares e tristezas que chegam a seu clímax em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2″. Sem reapresentar personagens ou situações, o longa se ocupa em fechar as pontas soltas e se aprofundar mais ainda na alma daquelas figuras que vimos florescer em nossas imaginações na última década.
A história chega ao fim em meio a um clima que não pode ser dissociado do cotidiano europeu durante a Segunda Guerra Mundial. O Mundo da Magia fora conquistado por Voldemort e seus supremacistas. O Ministério e Hogwarts se transformaram em versões sombrias do que eram no tempo em que Harry vivia no armário debaixo da escada, se tornando instituições comandadas por seguidores fanáticos de um líder totalitário ensandecido. Harry, Hermione e Rony se incumbiram de destruir as horcruxes restantes para, finalmente, tornar Voldemort um mortal e tar alguma chance de acabar com seu reino de terror.

São várias cenas de ação separadas pelos momentos de drama pessoal de Harry Potter (Daniel Radcliffe, em seu melhor momento), que precisa lidar com a consciência de que seu levante contra as forças de Voldemort (Ralph Fiennes, excelente como sempre) está matando seus amigos. Para cada vitória, cada Horcrux encontrada e eliminada, ele se despede de um aliado. Tais momentos são verdadeiros em emoção - funcionam para o fã (ouviam-se soluços na exibição a cada instante desses), mas também ao "trouxa" - e são bem-sucedidos ao explorar ótimos personagens esquecidos dos filmes anteriores. A Professora McGonagall (Maggie Smith), por exemplo, tão importante nos primeiros filmes e relevada aos bastidores nos mais recentes, assume posição de destaque, assim como Neville Longbottom(Matthew Lewis), o professor Flitwick (Warwick Davis) e tantos outros.
O filme, conduzida com esmero porDavid Yates, é irretocável. Desde a invasão do Banco de Gringotes, em que a representação do dragão é inspiradíssima (uma verdadeira aula de como se contar uma história através dos detalhes), até a mobilização da defesa da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Nela, estudantes e professores se estruturam em determinada expectativa pelo ataque dos exércitos de Voldemort, que atacam em sequências de batalha muitas vezes violentas e sem receio de mostrar cadáveres e sangue (tanto que por pouco a classificação etária do filme no Brasil não subiu para 14 anos). Tudo em um ótimo, ainda que convertido, 3-D estereoscópico que trabalha muito bem a ambientação e os momentos de deslumbramento.

Através da magnífica fotografia de Eduardo Serra, que equilibra luz e sombras de uma maneira não menos que espetacular, acompanhamos aquele castelo magnífico se transformar em um campo de guerra em ruínas e aquelas outrora crianças ascenderem ao heroísmo. Não por suas proezas em combate, mas pela força de seus corações. Corações esses que serão partidos por perdas brutais e a revelação de um herói até então desconhecido, movido apenas por um amor que, embora não correspondido, nunca deixou de existir.
Depois de o caminho ser trilhado por tanto tempo por diretores como Chris Columbus, Alfonso Cuarón e Mike Newell, cada um dando seu próprio toque aos filmes, aqui David Yates (que dirige desde Ordem da Fênix) finaliza perfeitamente tudo com uma sensatez exuberante. A maioria das cenas são fortemente impactantes e o cineasta ainda consegue, mesmo com toda a correria, apresentar em alguns momentos um forte senso de humanitarismo, vide a parte em que o dragão cego de Gringotes, após sofrer acorrentado dentro do banco e conseguir fugir com o trio, para por algum tempo pra respirar o ar puro pelo que seja, talvez, a primeira vez em sua vida.

Um elenco impecável premia essa conclusão. Daniel Radcliffe pouco lembra o garotinho que tentava passar alguma emoção nos primórdios da saga, encarnando um Harry cada vez mais seguro, mas que deixa transparecer momentos de pânico ao perceber seu possível destino. Do trio, Rupert Grint foi o que mais evoluiu. De um careteiro histriônico, seu Rony se tornou uma verdadeira rocha, mesmo com seus momentos de humor. Emma Watson exala beleza e graça como Hermione que, mesmo representando a “razão”, acaba sendo a mais passional dos três.
Ralph Fiennes mostra por que fora chamado para encarnar Voldemort, revelando mais e mais do vilão em uma gama impressionante de emoções. Mesmo sob toda a maquiagem, o ator exibe um alcance. Quando fragilizado, Tom Riddle se torna mais assustador e imprevisível. Ao matar um de seus capangas por ousar falar no momento errado, enxergamos a ira e o medo por trás daquele gesto, não sendo uma mera muleta de roteiro para mostrar “como o vilão é mau”.
Michael Gambon retorna brevemente como o sereno Alvo Dumbledore, não mais uma presença física para Harry, mas com sua influência sendo sentida a todo o momento. Vale a pena fazer um pequeno parêntese sobre a omissão no filme de certos detalhes sobre a biografia de Dumbledore presentes no livro de J.K. Rowling. Espertamente, o roteiro de Steve Kloves aborda isso com simplicidade ao afirmar que não interessa para a história o homem que Dumbledore era antes de Harry o conhecer.
E o que falar de Alan Rickman? O ator, que conheci como o deliciosamente maligno Hans Gruber em “Duro de Matar”, aparece apenas em momentos-chave de “As Relíquias da Morte – Parte 2″, mas suas aparições são verdadeiros tesouros. O arco de Snape neste fechamento nos faz querer rever todos os filmes da saga novamente, só para que possamos acompanhar cada lance desse verdadeiro mestre, não apenas da magia, mas do ilusionismo. Um personagem complexo e fascinante.

A direção de arte ficou mais competente do que nunca, afirmo até que fora um filme ou outro de Tim Burton, e outros como Desventuras em Série e filmes desse tipo, nenhum outro filme se compara em direção de arte com os últimos Harry Potters, chegando ao ápice nesse último filme da saga. A maquiagem também está perfeita, assim como os efeitos sonoros. E os efeitos especiais são os melhores vistos desde que... inventaram o cinema, tudo esta perfeito na produção e na técnica e ao lado de Senhor dos Anéis, Harry Potter alcançou o nível de melhor franquia em quesitos técnicos da história.
O filme ainda é coroado pela maravilhosa trilha sonora de Alexandre Desplat, que se utiliza de temas tocados nos outros capítulos da saga para nos trazer uma sensação de nostalgia absolutamente necessária, ao mesmo tempo em que nos traz também composições mais melancólicas, que refletem os momentos desesperadores deste ato final.

O epílogo deixa claro que a inocência e a alegria são transmitidas através das gerações. Sim, crescemos, mas as alegrias da infância perduram nos nossos filhos, tornando-as eternas. É o que faz valer toda a dor do crescimento, saber que, um dia, nossos filhos poderão saborear uma infância tão mágica e amigos tão fiéis quanto os que tivemos.
Ao final, temos a mesma sensação de paz que Harry tem ao olhar para todos depois da longa batalha. Qual é a dor do fim? É bem forte. Quando vemos a última cena do Epílogo, temos uma sensação de enorme vazio, mas aí olhamos para o lado e vemos fãs que nem a gente, chorando e soluçando, e percebemos que enquanto os filmes acabam, nossa paixão sempre existirá. Relíquias da Morte: Parte 2 é o filme que todo mundo sonhou. É fiel, do começo ao filme, surpreende, emociona e muito. Foi uma das melhores experiências da minha vida poder chorar por lembrar de tudo que a série me proporcionou.
Durante esses dez anos de “Harry Potter” nos cinemas, eu cresci com o jovem mago. Saí da infância para a adolescência junto dele, Rony e Hermione. Foi uma experiência incrível, cheia de reviravoltas e emoções. Será algo que milhões de fãs ao redor do mundo poderão guardar para sempre. Despedi-me de meus amigos sabendo que poderei revisitá-los quando quiser, através dos ótimos filmes pelos quais nos conhecemos.
Só o que resta a dizer é obrigado Alfonso Cuaron por ter inovado uma série que não parecia ter um grande futuro artístico, obrigado Mike Newell por ter nos brindado com um bom capitulo no melhor estilo High School possível, obrigado até mesmo a Cris Columbus que apesar de tudo iniciou essa franquia de uma forma quase satisfatória. Obrigado a Steve Kloves que mostrou uma dedicação incrível e fez o melhor que pode em todos os sentidos para a série, e obrigado principalmente a duas pessoas: primeiro David Yates por ter dado a visão definitiva, sombria e realista do que é Harry Potter nos cinemas e por ter nos dado os melhores filmes de fantasia dos últimos anos, e por último obrigado a maravilhosa J.K.Rowling, pois sem ela nada disso seria possível.
Adeus Harry Potter, sentiremos saudades!


(10 caveiras, porque 5 seria muito pouco)
Bravo! Meus parabéns pela excelentíssima crítica do inigualável filme que me fez chorar como criancinha, descreveu exatamente o que nós, fãs de Harry Potter, sentimos ao término da saga. Vou sentir muitas saudades!
ResponderExcluirConcordo que Rupert foi o que mais evoluiu. Sou fã do Ralph Fiennes ele consegue encarnar muito bem Voldemort e consegue fazer os espectadores "sentirem a maldade".A única parte do filme que me fez chorar foi a morte do Snape talvez por que durante os outros filmes ele foi aquele professor detestável e esse último mostra como ele era bom e como ele protegeu Harry. E o ator que mais me surpreendeu foi o Matthew Lewis, que interpreta o Neville,é surpreendente como ele ganha espaço no filme e acaba mostrando um talento que ficou escondido durantes os outros filmes da saga. Os efeitos especiais são excelentes, e para quem assistiu em 3D eles se
ResponderExcluirtornaram ainda melhores. Eu certamente irei revisitar várias vezes os livros e os filmes de Harry, e talvez quem saiba ler/ver com meus filhos (se eu tiver um) e com meu irmão que infelizmente não teve a oportunidade de ir ver um estreia de HP. Adorei a crítica, você relatou muito bem os fatos. E super concordo com a nota que você deu! XD
Fiquei muito triste com o fim da saga, que me acompanhou em toda minha juventude! Parabéns , sua crítica está perfeita!!
ResponderExcluiròtima crítica! Esse filme é um marco na historia do cinema!
ResponderExcluircomo Neville diz no filme “Harry pode ter morrido esta noite, mas estará para sempre em nossos corações” òtima critica
ResponderExcluirRoteiro muito bom,efeitos visuais incriveis,merece o oscar concerteza,...super bem feito,estrutura perfeita para um filme de açao.
ResponderExcluiro melhor da série com certeza se não levar o oscar de efeitos visuais eu juro que nunca + acompanho o premio da academia! o roteiro mt bom tb! o final quando colocaram aquela musica do primeiro filme! não tem uma pessoa que se diga fã se não chorar no final! quero agradecer a JK.Rolling que fez essa serie maravilhosa que vai ficar na história do cinema e no coração dos fãns!
ResponderExcluirDespois desse filme só penso em mais um filme em que Ralph Fiennes e Alan Rickman contracenem juntos novamente
ResponderExcluirFilmaço Relíquias da Morte - Parte 2! Sem dúvida o melhor de todos os de Harry Potter. Fechou com chave de ouro a saga. Sentirei saudades :'(
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